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Os poetas medem-se aos palmos. O Alexandre Sarrazola tem mais
de cem de talento e outros tantos de trabalho. Quanto mais escreve, mais acerta. O futuro dirá que lugar
vai ocupar nas estantes das bibliotecas e das academias, terá poiso
próprio.
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O Alexandre não é um poeta fácil. O Alexandre não é um poeta
difícil. Tem o talento de escrever para se saborearem as palavras, os versos,
as estrofes. Não é uma escrita mastigada, é uma escrita para se ter ao pé dos
lábios e ler baixinho só para nós. Ler lentamente e ver a velocidade das letras.
Tem uma mão que nos entra.
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A cada leitura há um recanto que se descobre, como nas
cidades velhas. A cor? Não a cor, mas os tons. Escuro, não de terror, de medo
ou de sinistro. É a cor de Praga e dos escritores que admira. Gosto do escuro, este
tem uma dor e esperança, não são feridas esvaindo-se. São gotas que solta,
talvez de sacrifício ritual.
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Ao contrário de mim, que sou repentista, o Alexandre pensa e
reflecte, refaz, ajusta. É uma pessoa emotiva e sabe ser frio, consegue
distanciar-se o suficiente para usar a faca e amputar o desnecessário.
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Vou pedir-lhe um poema, que se possa dividir por todos e seja
posse de cada um.
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O novo livro chama-se «Neófitos» e a ele se junta a
fotografia de Mafalda Capela. Não a conhecendo nem à obra, sei que o casamento só
poderá ser feliz. A leitura é de Teresa Coutinho. A editora é a Averno.
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