digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

segunda-feira, agosto 25, 2014

Uma vaca quis dar-me um coice

Um dia vi uma vaca. Lá adiante, com uma cesta, ia a camponesa, devia ir apanhar fruta. Uns bons metros atrás, o camponês levava, por uma tira de couro, uma vaca mansa, malhada de branco e preto – chama-se a raça holstein-frísia . Eu caminhava ao lado da bicha, mas perto dos quadris.
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Não lhe fiz mal... aquele animalejo de olhos grandes e doces decidiu levantar uma perna para me dar um coice. Coitada, vaca tem pouco jeito para pontapear. Ainda assim saltei e caminhei um bocado mais ao largo. O camponês não teve dúvidas de que eu fizera qualquer coisa ao animal. Mas não.
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Já estive em ganadarias bravas, a poucos metros de touros temperamentais, e nunca um bovídeo me quis atacar. É certo que uma vez o ganadeiro disse que era melhor subirmos para a carrinha... não percebi... o touro continuava imóvel a ruminar e com ar nobre, junto do sobreiro que lhe dava sombra.
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Disse-me:
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– Está a uma distância segura, mas se resolve correr põe-se aqui num instante e nem conseguimos fugir.
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Lá disso sabe o ganadeiro. Estive noutras ganadarias e sempre gado bravo com um vagar quieto, sem vontade de se aproximar para conversar. Até se foram embora...
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Mas a magana da outra, a holstein-frísia sem nome e que poderia ser Estrelinha, que era mansa... ainda por cima passei por malfeitor. Bem, bom leite dava e desculpo-lhe a tentativa de agressão.
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Nota: Estou apaixonado pelo trabalho da Joana Villaverde.

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