Um rio cansado ladrilhado com seixos quietos
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empurrado pelo vento para a foz.
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sem represas nem motivo para subir as margens.
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A planície é testemunha a glória e da velhice.
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Aqui o coração nem se sente
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a respiração segue a velocidade do rio
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o corpo deixa-se cair amparado por um braço
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sobre uma grande pedra cinzenta
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sob uma árvore de espécie indiferente.
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É o espelho da minha melancolia
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a força da minha indolência
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o retrato da derrota.
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Uma dor que come a alma
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que teimosamente renasce
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Se tenho esta dor, para que quero um coração?
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Rezo por uma dor aguda e uma queda de ferida indiferente
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que nada na natureza me denuncie o corpo
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dormindo junto à sua metáfora
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vou rezando para que não tenha alma.
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