O meu pai é um pintor muito dotado tecnicamente. Bom
rosteador, mas não bom retratista, e nunca me retratou. Caricaturou-me numa
aguarela e tão bem, tão bom. Sem ter quem me pinte nunca esperei encontrar
espelho numa obra doutra coisa. Achei-a e tem toda a minha essência, vida e
modo de estar – não estou a brincar. Vejo as minhas rugas, o brilho dos meus
olhos, o ânimo, o carácter e a incapacidade de realizar o desejo.
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