digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, agosto 31, 2014

Desestar

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Sinto que o coração não me pertence e que o corpo não pertence à alma. Nem o coração à cabeça, nem a cabeça ao espírito, nem o espírito ao fígado nem o fígado ao coração. Sou montado de tanta coisa, tralha que sobrepõe e contradiz, que tanto sobra como falta. Da estupidez à arrogância e a estupidez da arrogância, luz breve e acção fraca e incerta. Da fidelidade canina e da estupidez de ser fiel como os cães. Locomotiva desabrida, chocolate ao Sol do Verão. Contradigo, mas quero amor. Dou saltos para a periferia e desejo ser anónimo na multidão. Ora frio, ora temperamental. Alegre, mas taciturno. Feliz? Acredito que fui, provavelmente é memória inventada. Ou até isso não tive ou até isso perdi. Esqueci-me de muita coisa, o que não pedi. Não se me foram outros pensamentos que dispensava. Sem um amigo escureço. No escuro aguento todo o desconcerto que sou.

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