Cheia de segredo, vais e frente ao espelho olhas-te, com
receios e com vontades. Ainda sem saber se entrar por ele, despes-te enquanto
franzes por incerteza. Abres os botões da blusa e miras-te demoradamente, com
os olhos postos no sutiã. Indecisa e molhada, vestes-te e despes-te e ainda de
peito guardado. Liberta-lo por fim e largo vai o desejo. Tens as marcas e não
sabes se importam os vincos. Paras e a tremer seguras no cemartefone. Clicas e
apagas. Olhas e clicas. Olhas e clicas. Percebes que a tremura te fecha o
rosto. Sorris e clicas. Sorris, olhas e clicas. Vestes a blusa e o sutiã deixa-lo
no chão. Tremendo como um suicida antes do salto, envias a imagem em que
ficaste mais bonita. Já está! Já foi! Não queres pensar mais nisso, mas pensas.
Que seja o que Deus quiser. O espelho é uma janela. Engoles em seco e estás tão
molhada. Abres a porta e prendes-te à televisão. Tremendo, saboreias o salto.
Uma mensagem. Estás tão molhada...
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