digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, agosto 22, 2014

A primeira selfie

Cheia de segredo, vais e frente ao espelho olhas-te, com receios e com vontades. Ainda sem saber se entrar por ele, despes-te enquanto franzes por incerteza. Abres os botões da blusa e miras-te demoradamente, com os olhos postos no sutiã. Indecisa e molhada, vestes-te e despes-te e ainda de peito guardado. Liberta-lo por fim e largo vai o desejo. Tens as marcas e não sabes se importam os vincos. Paras e a tremer seguras no cemartefone. Clicas e apagas. Olhas e clicas. Olhas e clicas. Percebes que a tremura te fecha o rosto. Sorris e clicas. Sorris, olhas e clicas. Vestes a blusa e o sutiã deixa-lo no chão. Tremendo como um suicida antes do salto, envias a imagem em que ficaste mais bonita. Já está! Já foi! Não queres pensar mais nisso, mas pensas. Que seja o que Deus quiser. O espelho é uma janela. Engoles em seco e estás tão molhada. Abres a porta e prendes-te à televisão. Tremendo, saboreias o salto. Uma mensagem. Estás tão molhada...


Sem comentários: