digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, julho 11, 2014

Se a Lua e o Sol iluminarem Vénus

Fui cego e hoje vejo-te sem que me vejas como me vias quando te não via.
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O tempo recua nos sonhos. Na vida nada se tira nem põe ao por fazer.
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Deito-me de olhos fechados vendo o tecto branco, tela de cinema dos meus quereres e medos.
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Vejo um filme com princípio mas sem fim.
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Vejo uma espera impossível.
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Impossível é não morrer de corpo.
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A luz que me ilustra as pálpebras fechadas poderia iluminar-te a nudez diante de mim.
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O escuro do quarto esconde a tua ausência como a tua presença.
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Feito homem na solidão suspiro em fazer-te mulher.
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Só me acodes em sonhos.
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Só me alivio na alvorada.
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O que ficou por dizer esquece-se.
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O que ficou por fazer far-se-á se Lua e Sol iluminarem Vénus.
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Acredito? Não acredito e sei que a vida faz-nos os inacreditanços.

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