digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, julho 13, 2014

Dispenso moralismos

Estou farto de palavras e dos números que somam. Dêem-me gelados. Quero beijos. Quero os momentos depois do sexo do sexo que me é devido. Quero dormir à tarde. Não quero trabalhar. Quero teletransportar-me. Quero dinheiro. Quero muito dinheiro. Quero ser um dos homens mais ricos do mundo para não ter de pensar em dinheiro. Quero mergulhar numa piscina de neve carbónica. Quero endireitar pregos com o martelo para esmagar o tédio e ter uma razão para me queixar duma dor qualquer.
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Estou exausto. Cansado de mim. Cansado de confundir esta casa com a anterior. Cansado dos jogos do mundial de futebol. Muito cansado dos comentários dos especialistas em banalidades de futebol.
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Estou muito cansado. Um cansaço autoritário que me ordena que trabalhe. Uma vontade resistente à ditadura do tem. Nem jogar computador. Estou com uma hemorragia nas cabeças dos dedos, são elas que inventam as escrituras, pois vão tão rapidamente pelo meu cérebro – só consegue dar autorizações para que teclem.
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Preciso cair. Desmaiar. Morrer. Qualquer coisa que abata o tédio e a desvontade de trabalhar.
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Preciso de pelo menos um milhão de euros.
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Dispenso moralismos.

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