Estou além mas antes do lugar donde vim ou para onde fui,
consoante chega o eco dos meus sons, como se duma língua impossível.
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O tremor das mãos não é de doença nem de medo. O seu suor
não é insegurança nem resquícios de água perfurada. É qualquer coisa que nasce
em nascente incerta e vasta, rio que parte e nunca chegará.
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À noite como um rolo de bolachas-maria. Como duas a duas a
duas e desgosta-me quando um pacote tem número ímpar. Bebo, a acompanhar, água
que tiro da torneira e duma garrafa, cheia até ver, de litro e meio. São em
plástico e só me desfaço quando há qualquer coisa petrolácea a vir pelo gargalo.
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Não tenho nada contra a reutilização de objectos, mas
chateia-me ter monos em casa. A mulher é prática, o que quer dizer que sonha
muito. Acredita que a reciclagem não é um negócio e que a reutilização tem
espaço em casa.
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Escrevo coisas. Umas gosto e outras não. O mesmo com os outros. Escrevo, mas é ela quem sonha. Supostamente, sou o
poeta e na verdade sou o manga-de-alpaca.
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Enquanto ela vive na Lua, olho para os pés. Ela vê o
azul-bonito e o branco do berlinde. Vejo os pés e outras coisas, raramente
moedas.
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Com a tralha faz dinheiro, Só não faz mais porque não aceita
o que estou disposto a pagar-lhe para tirar de casa os absurdos. Sonha que
será em breve a partida de tudo aquilo que não queremos.
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Escrevi antes... faltou o ponto de interrogação, mas como se
fosse... fossem várias:
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– O que faço aqui,
donde vim e não bastasse a confusão do para onde vou.
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Não tem a ver com vontade. Ainda que grite, para que oiça e
oiçam, o apelo ou o eco, não tenho forma de.
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De.
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De, basta! Diz tanto quanto as questões primordiais.
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Quanto às outras, as filhas dessas? Triste ou com fome? A
pobreza e o egoísmo? Valer esperar pela pessoa certa para. Para basta! Esperar
que a pessoa certa encontre. Esperar que queira. Esperar que a pessoa certa
esteja no momento certo.
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E se um movimento, um qualquer, a torne na pessoa que não é
certa. Ou apenas incerta. Por qualquer coisa, nem que seja por um copo de água
que se entornou onde.
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De. De basta. Na confusão dos dias, nos das dores ou nos de
alegria, podia ter escrito felicidade. Discutir isso? É mais giro e proveitoso
enfiar na cabeça a imitação dum capacete viquingue, só para rir ou não rir ou
dizer qualquer coisa que.
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Basta amar? Dor de amar? Amar só dói na perda. A paixão dói
sempre. A paixão alegra por se perder quando errada, alegra por se perder
quando certa. Enquanto dói ao mesmo tempo de qualquer coisa que.
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Pois, aqui. Entre ir e voltar, ficar. Não é a mesma questão?
Um destino.
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Ouvir som ou eco. Pode ser vento ou dor, conforme a
proximidade ou a distância ou vontade.
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Sonho em ter e escrevo. Sonha com alegrias, felicidade, se
quiserem.
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Sou o
manga-de-alpaca, histérica que desmaia, a fragilidade do homem. Ela desaguou todos
os elementos e todos foram só um, porque a vida é.
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Do choro ao riso, há-de ter de tudo. Um destino que
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