É Carnaval e ainda que não se leve a mal a semente fica. Palhaço
todos os dias, mesmo quando riu. Uns levam a sério e gostam. Outros
desvalorizam e gostam. Outros desvalorizam e desprezam.
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Hoje passam muitas ambulâncias e não rezo por enfermos e
auxiliares. O palhaço pobre é palhaço rico, que é mais pobre, triste e estúpido
do que o outro.
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Se falo... se não falo... se sou ou finjo ser.
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A vaidade injusta e o horizonte míope, que termina já ali. Ai
gostam? Tomem lá, por amizade dizem que não é merda. Ou não percebem nada, por
amor ou tontice.
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Sim, riu. Engraçadinho, não tenho piada para ter trabalho. Competência,
disseram que sim, mas... mentiram ou não há mesmo nada.
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Gajo porreiro, bem-disposto, que não diz quase nada que se
aproveite.
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Dizem os amigos que seja sério. Ao fim e ao cabo, que não
seja eu.
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Puta de vida esta em que para ser tem de se ser quem não é.
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Pois que fique tudo para os outros.
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Deus acha que uma alma amarrotada, sonhos mortos, amizades
eternas e prontas são suficientes.
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Para quê tudo isto? Porque tantas vezes me leram aqui
intimidades que não eram, pois que as leiam agora e gozem ou chorem.
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Seja lá como for: Bardamerda para mim e para quem não me
apoiar.
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Se hoje não corto os pulsos, não abraço um comboio ou delicio-me
com comprimidos é porque é Carnaval. Ninguém levaria a mal. Nos outros, ninguém
levaria a sério.
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Quendera fosse a enterrar com o Entrudo, pelo menos não seria o único ridículo na festa.
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Que não me dêem trabalho e gozem ou desvalorizem. Terão razão!
O mundo é chato e só os chatos o vêem redondo.
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