digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, agosto 21, 2013

Nem Estaline

Consegui viver sem conhecer essa beleza, que mesmo depois de conhecer não osculei e ainda antes de ver perdi de frente das minhas ideias.
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Porém, depois da verdade, pouca escuridão resta ao mistério e nenhuma vontade sobrevive à ignorância.
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Estaline mandou refazer fotografias. A verdade é um local estranho, em que estando todos nenhum está no lugar do outro.
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Nem mesmo Estaline conseguiu apagar quem não esteve nem colocar quem esteve. Brotaram e eclipsaram-se presentes. Tanto faz, nem a ausência nem a invisibilidade nem a surdez significam inexistência. E mesmo essa tem de pedir aos poetas pra existir.
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A vontade é um o preconceito; o medo, uma intimidade; o desejo pode ser uma mentira:  o problema e a ilusão, a solidão e o ombro, a tesão e a fome. Tudo de muita coisa e quase nada doutra tanta.
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Sim, a saudade é um amor. Como qualquer amor tem irracionalidades. Explica-se como qualquer amor e, ainda assim, pode inexplicar-se.
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A saudade do que não aconteceu é tão verdadeira quanto a da vida de betão. O desejo não morre, o que morre é o tempo em torno das pessoas.
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Por mim, se tivesse mais tempo, soprava sem fim os problemas, que nunca são de cimento, e deixava-os mergulhar num esquecimento que podia durar uma vida.
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A beleza é que não passa nem entristece. Como o desejo, o melindre é morte, como o orgulho.
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Há uma estupidez qualquer que cometeu a estupidez de não deixar uma felicidade acontecer, mesmo que não tivesse de acontecer. Ou que teve a intuição de deixar morrer o não-gerado.

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