digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, agosto 24, 2013

Era tarde ou outra hora

Era de tarde, quase noite. Era de tarde, quase tarde, quase noite. Era de noite, quase tarde.
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Uma prostituta, um quadro.
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A luz amarela e o frio, que se intuía, ou era mesmo.
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Carlos Mendes, Natal, compras e isso.
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Três pessoas, três vidas. Três pessoas, duas vidas. Três pessoas, o desejo duma vida.
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Solidão, quando se passeava com a mãe, junto às montras... ainda que não.
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A música, a que tocava no rádio, a das ruas, a da vida.
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Amélia. Quem? A dos olhos doces, a quendera que fosses.
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Apenas mulher.
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Eu, miúdo, lembro-me da luz amarela do ateliê e do meu pai.
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Quadro e quadros fazendo-se, e a Amélia.
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A mãe que não chegava e a vida que ainda assim existia.
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E existia, sem perceber se era vida.

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