digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, junho 04, 2013

Talibã

No metro ia um tipo com turbante roxo e barba comprida, mal enjorcada para os padrões estéticos vigentes. O tipo era escuro e enquanto o via conversava comigo:
– Duvido que na América o considerem caucasiano... É muito escuro, mas é caucasiano.
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Fustigo-me por pensar tal coisa... o que importa? Homo sapiens sapiens; viemos todos de África, temos uma mãe comum, a tal de Eva, que, parece, existiu mesmo, assim o determina o ADN mitocondrial. Blá, blá, blá, a globalização...
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Perguntei-me, porque não tinha mais nada para pensar, donde seria? Índia, Paquistão ou Ceilão? Poderia ser sikh... com turbante e barba? Há muitos por aí. Um talibã?... viria do Bangladesh? Há talibãs no Bangladesh? E sikhs?
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A ideia do talibã agradou-me, mas a chatice da minha cabeça convenceu-me de que seria sikh e do Bangladesh.
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O que fará alguém do Bangladesh vir perder-se em Lisboa? Isto é um fim do mundo, um extremo, uma Europa irrelevante.
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Como se constata ao observar a posição geográfica, ninguém chega a Portugal por engano; não está em nenhum caminho, é um fim das estradas.
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Que vida estúpida teria no Bangladesh para vir aparvatar-se aqui? Por que veio perder-se aqui?
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Se fosse um talibã, pelo menos, significaria que Portugal importa alguma coisa para o mundo. Mas o gajo era sikh e do Bangladesh.
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Nota: Se tivesse sido em Badajoz poderia ter sido para comprar caramelos.

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