digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, janeiro 24, 2013

Atrás dos tempos vêm tempos e nada de bom há-de vir

Nos locais deslumbre, as conversas importantes. As linhas impressas, as salas do fumo. O vinho e o uísque. Frente à secretária, ao telefone. Pensando que não partiria. Que se partisse não voltava. Uma bicicleta só de subir e o amor. Muito amor que era sexo e um amor que era cego. Tudo o que poderia ter sido.
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Já me ri de fumar. Já me arrependi. Já dei graças a Deus. Já me esqueci de dar. O que julgava saber e o que não sabia que não sabia. Depois de adivinhar o futuro nas mãos li a vida nas cartas. Nunca me cheguei a arrepender. Nem o medo. Tudo o que fui.
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Andei à chuva em dias de sol. Abriguei-me em solidão junto ao mar, e não fui. Sepultei-me e ressuscitei morto. Chorei de amor e chorei de mim. Desejei ser canalha. Quis uma vida banal. Renasci sonhos grandes. Bati com os dentes na realidade. Deitei-me atrasado. Dormi adiantado e eterno. Desejei apenas dormir. Tudo o que tenho sido.
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Se o amor não falta, sobra a dor rija. Não levo a vida para frente. Não volto atrás. Peço que a parede não me esmague devagar. Volto aos locais antigos. Como nunca soubesse que haveria de voltar. Ainda não sei se quero. Recordo as músicas e evoco as noites. Evoco caras. Choro as esperanças e angustio-me nas desilusões. Batem-me na memória frases dolorosas e coisas de que me envergonho. Tudo o que sou.
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Atrás dos tempos vêm tempos. Da tristeza à esperança. Da desesperança nada sobra para andar. De joelhos inconformado, impotente, quase morto. O que tenho de ser.

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