Constrói-se o amor, mas não a paixão. Constrói-se o corpo,
que se devora na construção do sexo. A vida a dois desenha-se e apaga-se, em
constante correcção do erro e do acerto. Consomem-se dias a construir a vida da
soma de dois. Seremos sempre dois, até quando formos um, quando cada um comer o
outro, como a serpente de duas cabeças-caudas. Boca com boca e órgão no órgão. Consumidos,
fartos da refeição, despojados da vontade comemos as horas, reconstruindo as
vidas, para que sejam de novo comidas. É eterna a episódica loucura do sexo e a
paixão nunca será amor.
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