digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, agosto 10, 2012

Verbo comer













Constrói-se o amor, mas não a paixão. Constrói-se o corpo, que se devora na construção do sexo. A vida a dois desenha-se e apaga-se, em constante correcção do erro e do acerto. Consomem-se dias a construir a vida da soma de dois. Seremos sempre dois, até quando formos um, quando cada um comer o outro, como a serpente de duas cabeças-caudas. Boca com boca e órgão no órgão. Consumidos, fartos da refeição, despojados da vontade comemos as horas, reconstruindo as vidas, para que sejam de novo comidas. É eterna a episódica loucura do sexo e a paixão nunca será amor.

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