digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, novembro 26, 2011

O puto e a rapariga desejada


Ela era a rapariga mais bonita lá do sítio. Não me ligava e imaginava-a a olhar, despindo-se e beijando-me. Brincava jogos de menina, saltava à corda e ao eixo. Só queria ver a rapariga nua, mas não tinha idade para mais do que para jogar ao pião. Nela já se notavam os seios e o rosto deixava a infância. Ela era uma rapariga e eu ainda puto. Deixámo-nos de nos ver. A rapariga tornou-se mulher e eu de puto passei a rapaz, de rapaz a homem inconsciente, a presumível respeitável, a maduro. Os homens demoram sempre mais tempo a serem adultos. Talvez por isso as mulheres envelheçam e os homens ganhem charme. Volta e meia sonho com essa rapariga de pernas delgadas que quando saltava, deixando ver um pouco mais acima, me fazia deixar de ser puto e querer ser qualquer coisa que julgava ser graúdo. Em sonhos a rapariga e eu não crescemos e penso o que teria sido de nós se tivéssemos a mesma idade.

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