digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, outubro 16, 2011

Síndrome e transparência















Não são páginas em branco, mas de insuportável transparência. As letras escorregam ou desfazem-se em intersecções desajeitadas… quase suicidárias, se tivessem vista, meditação e coragem e vontade.
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A transparência das páginas não fixa ideias. Mais concreta do que a ideia e fugaz na escrita.
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As palavras são, por natureza, negras. As de tinta são negras e no ecrã vêem-se negras. Esqueçamos as de outras cores, subprodutos alfabéticos. As palavras, as letras, a pontuação são negras. Como desmaiam na transparência das folhas!...
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Como uma vidraça… límpida, baça ou translúcida… folhas sem espessura, sem dimensão, sem cor. É mais doloroso escrever assim: sem ver, forçando a vista, de incerteza crescente, de tempo prolongado no travo que de intenso passa a enjoativo e a vómito… a dúvida chega e volta ao princípio. Folha transparente.
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As ideias são livres e agora… Um descalabro, uma incerteza, angústia, desilusão e loucura.
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Que fazer com esta ausência? Que poderei escrever? Deito-me esperando estar já a sonhar. Que esteja a sonhar com o pesadelo e que amanhã acorde com a síndrome da folha em branco. Espaço suficiente para algumas palavras. Negras, certamente.

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