Venha a Morte, com sua gadanha, ceifar os tristes e deixe os
reis e vencedores do mundo. Que o seu manto negro em farrapos sirva de abrigo,
resguardo e consolo aos que se cansaram de existir, aos desistentes, aos
derrotados. Que o hálito da vida dos fracassados alimente os fortes e os
gloriosos. Que partam os desmerecedores, pela sua fraqueza.
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Que o peso do universo esmague os iludidos e estes, em
sufoco, tenham um regalo, o de morrer instantaneamente e sem dor. Suspiro menor
ao segundo. Uma graça de justiça.
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Que a minha vida seja uma veloz passagem, sem rasto nem
saudade. Que a Morte, com seu manto escuro, limpe a sombra e consuma o corpo. Que
a morte, com seu mando desmentível e incontestável, queira ceifar cedo quem lho
pede.
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Não há, para quem perde, melhor consolo do que a lâmina fria
da gadanha. Que a Morte tenha clemência e higiene. Que deixe os vencedores
brilharem em eternidade e permita o célere eclipse aos desistentes.
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Não seja suicídio, mas graça. Não se pede mercê, porque os
perdedores não merecem reconhecimento nem laudas. Faça a Morte justiça. Que com
sua gadanha leve para onde não há universo para guardar almas, os perdedores.
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