digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, setembro 25, 2011

Requerimento



















Venha a Morte, com sua gadanha, ceifar os tristes e deixe os reis e vencedores do mundo. Que o seu manto negro em farrapos sirva de abrigo, resguardo e consolo aos que se cansaram de existir, aos desistentes, aos derrotados. Que o hálito da vida dos fracassados alimente os fortes e os gloriosos. Que partam os desmerecedores, pela sua fraqueza.
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Que o peso do universo esmague os iludidos e estes, em sufoco, tenham um regalo, o de morrer instantaneamente e sem dor. Suspiro menor ao segundo. Uma graça de justiça.
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Que a minha vida seja uma veloz passagem, sem rasto nem saudade. Que a Morte, com seu manto escuro, limpe a sombra e consuma o corpo. Que a morte, com seu mando desmentível e incontestável, queira ceifar cedo quem lho pede.
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Não há, para quem perde, melhor consolo do que a lâmina fria da gadanha. Que a Morte tenha clemência e higiene. Que deixe os vencedores brilharem em eternidade e permita o célere eclipse aos desistentes.
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Não seja suicídio, mas graça. Não se pede mercê, porque os perdedores não merecem reconhecimento nem laudas. Faça a Morte justiça. Que com sua gadanha leve para onde não há universo para guardar almas, os perdedores.

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