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Primeiro, a fuga. Minto. Minto, mas os olhos dizem.
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Acreditas. Mais uma vez, acreditas. Ainda que os meus olhos to desmintam.
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Digo baixinho, para que quem quer que oiça, e saiba que minto, não te diga que minto.
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Sussurro, para que o doce das sílabas te desinquiete a pele e te faça acreditar mais.
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Sussurro e com uma trinca faço-te subir em paixão. Sabes que não queres saber se minto.
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Faço amor. Digo todas as verdades como se fossem mentira. Na loucura acreditas, porque sabes tantas verdades. Ainda assim acreditas que te não minto.
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Ferves. Quando transpiras de prazer, gritas e eu, dizendo-te a verdade, finjo que nunca te menti.
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Na explosão digo-te a verdade. A que queres ouvir. A que acreditas não ser verdade depois dos corpos arrefecerem.
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Com as palavras de verdade, minto-te. Iludo-te temendo que, sabendo a verdade, te afastes de mim.
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Os olhos dizem o que a boca mentindo disse também, dizendo que era mentira.
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Digo, é inevitável. Inevitável como a morte. Mas digo tão baixinho que só se não quiseres não ouvirás a verdade.
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