digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, junho 12, 2011

Negar. Dizer amar.

Digo. É inevitável. Os meus olhos dizem. Inevitável como a morte.
.
Primeiro, a fuga. Minto. Minto, mas os olhos dizem.
.
Acreditas. Mais uma vez, acreditas. Ainda que os meus olhos to desmintam.
.
Digo baixinho, para que quem quer que oiça, e saiba que minto, não te diga que minto.
.
Sussurro, para que o doce das sílabas te desinquiete a pele e te faça acreditar mais.
.
Sussurro e com uma trinca faço-te subir em paixão. Sabes que não queres saber se minto.
.
Faço amor. Digo todas as verdades como se fossem mentira. Na loucura acreditas, porque sabes tantas verdades. Ainda assim acreditas que te não minto.
.
Ferves. Quando transpiras de prazer, gritas e eu, dizendo-te a verdade, finjo que nunca te menti.
.
Na explosão digo-te a verdade. A que queres ouvir. A que acreditas não ser verdade depois dos corpos arrefecerem.
.
Com as palavras de verdade, minto-te. Iludo-te temendo que, sabendo a verdade, te afastes de mim.
.
Os olhos dizem o que a boca mentindo disse também, dizendo que era mentira.
.
Digo, é inevitável. Inevitável como a morte. Mas digo tão baixinho que só se não quiseres não ouvirás a verdade.

Sem comentários: