digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, abril 22, 2011

A flor amarela





















Não sabia que as flores podiam odiar. Perdi um bocado de mim. Tenho no meu tronco um túnel, coisa redonda perfeita, sem nada dentro. Perfeitinho. Calcinado. Vê-se como se fosse de cimento, mas menos rugoso. Totalmente liso e macio. Levou-me a flor. Não encontrou o coração, que esse há muito teve independência. Mesmo lá no Norte, em Edimburgo, bate sentido. Quando sente a alma, sente ele. Que mal terei feito, crime grave. Fui fértil. Desejei e amei. Hoje sou o estrume que alimenta o ódio ou o desprezo ou a negação ou qualquer coisa cuja sombra espeta. Fiquei a saber que as flores mentei e odeiam. Deve ter sido grande o amor por mim.

1 comentário:

Maria disse...

Deve-se amar cru.Mordiscado de tempos a tempos.. Embora seja gorducho é rijo e tónico. Flor amarela,intimidade,paixão e amor. Liberta as escórias e não pesa no estômago. :)