digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, março 12, 2011

Pena de morte

Devia haver morte para poder haver pena de morte. Devia não haver morte para, em consciência, mandar alguém para a morte. Devia haver morte, como um saco, para meter toda a gente que se quer ver morta.
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Devia haver vida para que todos os dias fossem felizes. Que as rosas das videiras nunca se cansassem de oídio e que todos os males do mundo fossem esses. Que o vinho nunca azedasse.
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Só pode haver vida, porque a vida tem de ser pesada para que um dia a possamos saborear leve. E que as rosas cheirem a rosas e o moscatel novo também. Que haja essa certeza para alimentar os dias de chuva.
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Os dias de chuva não matam e mostram a vida como quem tem certeza da morte. E numa graça de desafiar o fim dos dias rir de tudo o que é efémero e brindar com um vinho eterno. O que o momento seja vitalício. Do momento antes de nascer ao dia depois de morrer.

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