digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, janeiro 11, 2011

O fim a chegar

Não tenho dedos para te dar tanta ternura. Mereces que te trate como viola e te dedilhe até cantares prazeres.
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Deitados em lençóis amassados, lado a lado. Deitados e em palavras, em voz densa, mergulhados. Mergulhados num lago de intimidade e afecto.
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Não há horas para tantas palavras. Não há horas para tudo o que se deve fazer na cama. As noites são breves, o resto das horas são sono.
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Não há tempo para as perdas, que os dias correm e amanhecem muito cedo uns anos à frente.
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Mesmo sem o corpo entrar no corpo, o braço estendido sobre o outro afunda-se. Mesmo sem loucura, os cabelos entrançam-se nos dedos da parelha.
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A densa respiração engana. Não é a profundidade do desejo que exala, mas a do sono.
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Horas perdidas. Tempo que se desperdiça e sem pensar.
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Eu sem dedos para te dedilhar. Porque adormecendo. Tu e eles. Só as preocupações despertam. A monotonia é o que resta dum dia, semana, mês de trabalho.
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O fim não tarda.

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