digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, setembro 04, 2010

As papoilas

Espero que tenhas gostado destas flores que não te enviei, por saber que a língua das flores fala duas línguas, a de quem manda e a de quem recebe.
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Mandei-as por a paixão inviável mo determinar. Mandei-as sem ter mandado pela certeza de nunca as desembrulhares com o mesmo sentimento de quem as envia.
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As flores não são um espelho da alma, mas o sussurro dum amante que não sabe o que dizer. Se soubesse não mandaria flores, mas escreveria um bilhete.
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Depois há os dândis, que, à falta de cultura, banalizam qualquer coisa e, por não saberem escrever, mandam rosas. Quem diz dândis, diz outra coisa qualquer que signifique o mesmo acerca de quem é embrulho de qualquer coisa sem relevância.
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As flores que não te mandei não têm grande aroma, porque são de estufa. Se ainda o não fossem talvez tas mandasse.
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Prefiro ir um dia contigo mostrar-te as papoilas e, no meio da vegetação, experimentar a origem do mundo.
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Antes e depois um piquenique que retire a animalidade aos animais que se querem. Um arrebatamento de civilização que se pode fazer com um só copo de vinho. Partida e chegada de compostura. Origem de sorrisos e rubores.
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Se me prometeres vir comigo experimentar a suavidade das ervas e os cantares naturais, prometo oferecer-te flores das verdadeiras, das que cheiram bem e mal, apanhadas à beira da cama onde se faz amor.
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Prometo não contar a ninguém que não sabes o que são papoilas. Só direi que conheces rosas.

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