Para falar verdade, ainda tremo como um adolescente, apesar de morto para a vida que um adolescente deseja. Tremo quando um brilho mínimo alumia meio grão de nada. Tremo por pensar que ainda posso viver qualquer coisa que quis deixar. Sou viciado numa vida que renego. Como um monge, tenho a perversão da abstinência.
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Há dias que os trinta e nove graus à sombra e a luz ao Sol abanam as certezas dum homem. Na indolência própria dos dias de tamanha calma, uma loucura assalta as vontades. Como um incêndio antes de se descontrolar. Há qualquer coisa de cinematográfico num dia assim.
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Não há água de mangueira que acuda, porque o calor está mais dentro do que fora. Não é o coração e talvez nem seja a cabeça. Mas os pulmões e a sua vontade insaciável de respirar. Inalar tudo e sentir o aroma da carne subjacente à pele que se quer tocar.
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Nos dias de estio bruto não são precisas bebidas que escalam cabeças para que a boca diga disparates ou que as mãos os escrevam. Só há tempo para verter segredos, mal escondidos, perante aquela que se quer resguardo.
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Aconteceu-me hoje. Não fossem tão mundanas e terrestres as palavras e teria dito poesia. Não fossem tão cautelosas e tímidas e teria grunhido sexo. Nem uma coisa nem outra nem meio caminho. Apenas uma infantilidade.
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A provar que os mortos estão mortos, mas os que se querem mortos não estão. Sem cilícios, penitencio-me renegando tudo o que lhe disse. Cobarde, sim. Mas com palavras de fora já se não é tão inconsequente. Ainda que este amor não corra como um rio, mas que fique quieto como um lago.
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Afinal também tem a sua beleza. Um amor não correspondido nem accionado. Telepaticamente falhado. Sexualmente imaginado. Nudez de fantasia. Mas nado morto. Havia de ser bonita outra coisa.
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Por estar voluntariamente morto não me choro nem me doou. Não me ardem as feridas que não tenho. Tremo, sim, porque em alguns minutos senti viver. Em loucura de um salto quis novamente voltar a morrer, antes que ela me matasse de amor ou desgosto.
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Há dias que os trinta e nove graus à sombra e a luz ao Sol abanam as certezas dum homem. Na indolência própria dos dias de tamanha calma, uma loucura assalta as vontades. Como um incêndio antes de se descontrolar. Há qualquer coisa de cinematográfico num dia assim.
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Não há água de mangueira que acuda, porque o calor está mais dentro do que fora. Não é o coração e talvez nem seja a cabeça. Mas os pulmões e a sua vontade insaciável de respirar. Inalar tudo e sentir o aroma da carne subjacente à pele que se quer tocar.
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Nos dias de estio bruto não são precisas bebidas que escalam cabeças para que a boca diga disparates ou que as mãos os escrevam. Só há tempo para verter segredos, mal escondidos, perante aquela que se quer resguardo.
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Aconteceu-me hoje. Não fossem tão mundanas e terrestres as palavras e teria dito poesia. Não fossem tão cautelosas e tímidas e teria grunhido sexo. Nem uma coisa nem outra nem meio caminho. Apenas uma infantilidade.
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A provar que os mortos estão mortos, mas os que se querem mortos não estão. Sem cilícios, penitencio-me renegando tudo o que lhe disse. Cobarde, sim. Mas com palavras de fora já se não é tão inconsequente. Ainda que este amor não corra como um rio, mas que fique quieto como um lago.
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Afinal também tem a sua beleza. Um amor não correspondido nem accionado. Telepaticamente falhado. Sexualmente imaginado. Nudez de fantasia. Mas nado morto. Havia de ser bonita outra coisa.
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Por estar voluntariamente morto não me choro nem me doou. Não me ardem as feridas que não tenho. Tremo, sim, porque em alguns minutos senti viver. Em loucura de um salto quis novamente voltar a morrer, antes que ela me matasse de amor ou desgosto.
1 comentário:
Escreves bem e és lindo. Gosto de ti!
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