digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, julho 23, 2010

O arbusto





















Se não sou de ferro é porque suo. Mas suando tanto não chegarei a ser, um dia, de ferro. Serei erva alta que se dobra com o vento, que espero não se vergue, mas apenas dobre. Não serei árvore, que é dura como um castelo, mas se quebra. Não quero ser arbusto, forma mínima de ser árvore, que se verga e quebra. Quero ser cabelo que voa pendurado ou nada dançando. Ou nada. Nada disto. Não ser nada, não existir: sem vergar nem balançar nem ir nem ficar. Pairar no éter como uma medusa, coisa entre o vivo e o não vivo. Entre o fantasma e o médium. Ser de plasma e alma de sentimentos e sem perdas. Entre o vivo e o não vivo.

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