digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, fevereiro 21, 2010

Jantar romântico para um homem só – A mesa (1/8)





















Eu que gosto mais dos alemães sentei-me a ouvir Verdi.
.
No prato bacalhau à Braz acabado de fazer, com parcelas mínimas queimadas, que fazer um jantar sozinho é obra para muita gente.
.
Sala morna, porta fechada e cortinas corridas. Atrás da música não se ouve a chuva. As gatas entram e saem quando querem, nada exigem.
.
Oito velas acesas na casa, nem mais luz. Um vinho branco com vida e frescura certa. Pimenta preta na mesa.
.
Incenso de sândalo, para temperar aromas de prato. Gesto de fumo, oriental, o exotismo obrigatório num jantar de amor.
.
Toalha vermelha com limitados quadrados a branco. Guardanapo às riscas, azuis e brancas. A memória dum passado, recordações de mesa.
.
Depois do jantar, um jogo de cartas, paciências. Baralho novo. À primeira perco. À segunda a mediocridade. É sorte ao amor que aí vem.
.
Há amores que não valem este jantar.

2 comentários:

A Menina do Chá disse...

E há jantares que não valem esse amor.

João Barbosa disse...

absolutamente