- Está lá?
- Estou sim…
- Estou?
- Tou, tou!
- Estou sim?
- Sim, estou.
- Está a ouvir-me?
- Estou?
- Consegue ouvir-me?
- Sim, sim…
- Donde é que fala?
- Aqui de casa.
- É da Freixieira?
- Não. É da Boleta de cima.
- Ah! Desculpe, foi engano…
- Mas, com quem deseja falar?
- Com a Zulmira…
- É a própria…
- Olá! Estás boa?
- Por que me está a tratar por tu?
- Não é a Zulmira?
- Sou, sou…
- Não estás a ver quem é?
- O telefone está um pouco baço, não se vê nada… já ouvir também é uma sorte.
- Não estás a ver quem é?
- Não me trate por tu, que não a conheço.
- Mas não és a Zulmira?
- Sou!
- Então?!...
- Foi nas informações que lhe deram o meu número de telefone?
- Foi sim!
- Então, por favor, diga-lhes que é engano.
- Engano? Mas não é de casa da Zulmira?
- Oh mulher! Já lhe disse que sim…
- Da Freixiera…
- Não, da Boleta.
- Então isso é onde?
- É na Freixieira.
- É na Freixieira ou na Boleta?
- É a mesma coisa…
- A mesma coisa?
- A terra tem dois nomes. Para os da Junta é Freixieira, para a oposição é Boleta.
- Ai sim?! Como assim?
- É o nome deles…
- Deles? Deles quem?
- Do presidente da Junta e o da oposição…
- Como é que vocês se arranjam?
- Bem. Só há dois telefones na terra. O meu e o da Junta.
- Então, é da oposição…
- Sou.
- Boleto é o seu apelido…
- É o do meu marido.
- É a Zulmira?
- Sou.
- Zulmira Boleto.
- Sim.
- Então é engano. Queira desculpar.
- Não tem de quê, minha senhora.
- Então, com licença…
- Faça o favor.
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