digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, novembro 03, 2009

A chuva e o imprevisto

Os imprevistos são imprevistos, como a chuva é chuva. Não há meios imprevistos, como não há meia chuva. É como estar-se zangado: pode estar-se muito ou pouco zangado, mas nunca mais ou menos zangado.
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O problema dos imprevistos é ser imprevisto. A chuva imprevista é um problema. A chuva imprevista faz-me zangar com alguém, normalmente comigo. A menos que a chuva imprevista não chegue em momento de caminho para um lugar onde se tem de chegar seco.
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Chegar cedo é, talvez, a melhor forma de enfrentar um imprevisto. Sendo que bom ou mau, um imprevisto é desarmante. Rápida deve ser a reacção. A chuva, imprevista ou não, pede rápida reacção, a menos que não chegue em momento de caminho para um lugar onde tem de se chegar seco.
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Sou do tempo em que os homens só usavam guarda-chuvas pretos. Outra cor seria sinónimo de dúvida. Todas as outras cores e as fantasias estavam para o outro género. Docemente, sem imprevisto nem previsto, mudou a vida. Mas a um chapéu-de-chuva, hoje como ontem, só se pede que proteja a roupa, o rosto e a pele. A menos que o caminho se faça para um lugar onde não é preciso chegar seco. E se os umbelas dos homens, tal como os das mulheres, podem ter qualquer cor, diga-se que estão mais perto do imprevisto, porque o imprevisto é sempre colorido.

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