São quase três horas da manhã e o meu amor não chega. Será que vem? Será que ama? Será que ficou presa numa barco que, no Tejo, não consegue atracar? Será que uma tempestade o afundou? Ou um engatatão a convenceu? São estas horas e nada. Nem um sinal de desistência… nem uma notícia de catástrofe.
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São três horas da manhã e é já tarde na noite. Uma certeza no toque da campainha lá de baixo. Uma incerteza sobre quem nela tocou. Talvez seja ela. Talvez não seja. Quem sabe? Saberei quando chegar ao cimo das escadas… se chegar… se chegar a entrar no prédio. Tão tarde!
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Já passa das três horas da manhã e está ofegante. Ofegante de subir tantas escadas e de tantos atrasos. De tantas aventuras sem aventura. De contratempos sem carisma. São estas horas e sem uma desculpa forçada. Tão tarde e sem uma palavra esquisita além da normalidade entediante.
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São estas horas e tenho sono. É este atraso e não tenho sono algum. Acendo um cachimbo que não quero fumar. E sento-me na sala onde não sei se me quero só. Só escuro e talvez silêncio. Um dia qualquer que não hoje e a palavra e os passos que se ouvem ao longe.
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É tarde e vou dormir contrafeito, com a insegurança dos homens traídos, mas com o ressonar dos egoístas. Amanhã talvez fale ao pequeno-almoço. Talvez continue casado e não diga nada. Um dia destes.
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