digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, abril 24, 2009

Primaveras

Está a fazer anos das primeiras tristezas de amor. Aconteceram em Maio e Junho, mas escrevo já, porque tenho os fantasmas a espicaçarem-me e os medos de amnésia a chamarem-me. Ou talvez fosse Março, na Páscoa. Ou Abril. Foi por esta altura. Primavera.
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Lembro-me que houve a CB e a Isa. A primeira não me destroçou o coração, mas a segunda sempre feriu. Talvez não tenha feito nada para me magoar. De certeza que não fez, porque nunca me declarei. Acho que não.
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Fui para o Alentejo sofrer pela Isa. No banco dianteiro, à direita, com vista pelo janelão, lambi o primeiro corte. Senti, contudo, uma esperança de que passaria. E passou. Benditas férias, que me saciaram. O amor também não era grande.
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No banco dianteiro, à direita, com vista pelo janelão, sentia no odor do meu champô novo o perfume dela. Evocava-a na fantasia olfactiva. E o cheiro anunciava-me um tempo novo, de esperança, sem a dor, ao mesmo tempo que saboreava consciência novos sentimento e experiência.
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A Rute não chegou a desiludir, mas a essa pedi-lhe namoro. Não deu e ficamos amigos como dantes. Fomos muitas vezes ao Coliseu dos Recreios de música brasileira, principalmente da Simone.
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Todas essas miúdas dos anos oitenta foram suspiradas ao entardecer limpo da primavera, nas águas-furtadas do quarto. O céu de azul aclareando-se e de vermelho escurecendo -se. Experiências reais. Não causam dor, mas ternura.
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O céu quase limpo sobre Lisboa. A brisa e os concertos. Esses, sim, causam ansiedades nas lembranças.
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Nota: Há também quem atribua este »Festa campestre» a Ticiano.


Você é real - Simone

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