digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, abril 24, 2009

Não é fácil de entender


- Vais logo ao concerto?
- Não.
- Não gostas?
- Gosto, mas não vou.
- Estás sem dinheiro?
- Também, mas não é por isso.
- Então, é porquê?
- Não gosto de concertos.
- Não gostas?!
- Não.
- És estranho!
- Não! Sou sensível.
- Por que não gostas? Por que dizes isso?
- Por causa de toda a solidão dos entardeceres a ouvir música ao pé de muita gente.
- Mas este é à noite.
- Por causa do imenso prazer egoísta de quem ouve. Não pertenço ali. Os concertos apertam-me o coração e só penso no seu final. Não consigo fruir delicadamente… sofregamente… é complicado. É a vertigem para o fim e a tristeza do fim. Não consigo curtir.
- Não se insiste com os teimosos nem com os loucos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Terias feito diferença NESTE concerto. Pelo que era, pelo que representava. Porque era preciso um braço onde descansara dor e escoder o rosto ferido pela troca de outros olhares.

Era a minha música. Fazia sentido.Porque o medo do fim era de outros.

MCN