digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, julho 06, 2007

Inocência e ousadia

Não sei se é inocência ou ousadia, mas para mim o Sol nasce todos os dias e tenho sempre um cigarro para fumar pela manhã.
Sento-me no degrau da porta do quintal ou encosto-me à ombreira. Fico a ver a sombreira oliveira e os carreiros das formigas. As de cabeça vermelha mordem. Deito fumo pelas narinas.
Não sei se é inocência ou ousadia que me engasgo com o fumo. As manhãs são para ler na sala dos cadeirões de palha. A grande telefonia não toca e aqui não penso em fumar.
Não sei se é inocência ou ousadia o bandear de anca da filha da vizinha. O tempo entre o pescoço e o peito é eternidade de malvadez. Uma planície de desassossego. Funny chamam-lhe.
Funny é o tremor que me dá. Tem menos um ano que eu... ou sabe muito mais ou muito menos. Vem sempre tomar chá com bolachas à hora do lanche. Não tem nada para dizer.
Não tenho nada para lhe dizer. Encosto-me no cadeirão e finjo não notar que as senhoras presentes fingem não reparar nos meus olhos detidos.
Detenho-me por mais um dia. Amanhã haverá novamente Sol e uma manhã para, em paz, fumar o primeiro cigarro do dia.

1 comentário:

Anónimo disse...

eheheheheh