digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
segunda-feira, maio 07, 2007
Infinita indefinição
Apaixono-me todos os dias entre os dedos. E todos os dias, com dor, deixo de viver. Adormeço com esperança de não voltar e renasço todas as manhãs... em vão.
Na minha campa não há flores e a mais fina brisa corre de terra para o mar. O meu corpo não jaz ainda e evita comprometer-se com a terra. Fico imóvel durante horas a fitar a pedra que há-de sepultar-me. É um seixo muito grande e redondo sem nada escrito. Um meteorito de rio na cidade.
Apaixono-me dolorosamente diariamente. Todos os dias há uma mulher errada na minha vida. Todas as horas são de infinita aflição não correspondida. Há na minha pele o ardor da pele escarlate recém queimada pelas unhas cravadas da ansiedade de que me vejam e desejem. Todos os dias e a quase todas a horas abandono a vontade de me querer bem por causa duma mulher. Todos os dias suicido-me. Todos os dias choro-me aflito diante da minha campa. Todos os dias evito-me defunto. Há em mim uma infinita indefinição. Por amor delas e desamor de mim.
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5 comentários:
Esta foto esta fantastica!
e a historia daria um bom argumento para o Fantasporto;)
Efectivamente, nos últimos meses acentuo a minha falta de vivência.
Existo apesar por existir. "Adormeço com esperança de não voltar e renasço todas as manhãs... em vão."
"É preciso Viver, não apenas existir." Plutarco
Pois sim...
Mas eu permito-me apenas existir.
Vejamos que nunca passei fome nem grandes sacrifícios, que tive e tenho "tudo e mais alguma coisa". E não me permito Viver. E, por vezes, esta realidade é irritante. Só por vezes, porque a apatia predomina.
A consciência deste estado deliberado de estupidificada, deprimente e redutora existência em que se transforma?! O que altera?!
Diria que nada. Mas porque nada é mesmo nada, e nada já será demasiado, diria que altera tão pouco que o meu ângulo de percepção não me permite notar qualquer alteração. O que se altera será tão pouco que nem me apercebo.
Até "um dia"...
De momento este estado permanece totalmente voluntário e desmesuradamente desnecessário.
Até um dia"...
...
Hoje, neste dia, deixo-me apaixonar pela sua admirável eescrita! :)
¨*¨
... :-)
Fantástico, Joãozinho... Adoro estes teus textos, os fortes que nos deixam sem palavras! Beijocas para ti
:-) és uma linda, Anocas
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