A vida é feita de finuras e maneiras delicadas de passar páginas. Os anos passam numa espiral delirante, numa espiral de vertigem: uma rosa de odores mesclados, ora forte ora frágil.
Tinhas os pés a chapinhar numa poça de praia, junto às rochas, com o sorriso da infância e já, num instante, se notava o peito adolescente. Pouco depois as borbulhas da puberdade, as vergonhas, os primeiros beijos, os namoros, os temíveis segredos, o inconfessável segredo, o partilhável leito, as grandes amizades, as intermináveis tardes de Verão, os dissabores amorosos, as distâncias, o amor estável, o casamento, os filhos, as traições, as zangas, as reconciliações, o significado da família e do Natal, o distanciamento, a solidão, a velhice. A infindável rosa da vida.
Desconcertante vida, feita de finura e enternecimento. Sentado o corpo frente a outro parilham-se memórias e sabedorias: as alegrias das tristezas. A vida e suas finuras.
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