digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, abril 19, 2007

Rosa subtil

Não é por não existirem que as rosas negras têm menos perfume. Na minha cabeça há paisagens feitas de alamedas com roseirais floridos e um perfume subtil e frágil de rosas negras atravessa-se ao caminho.
Vou a caminho do mar. Venho do sítio das pedras grandes e redondas. Estou no alto do vento meigo. Para todos os lugares há caminhos orlados de roseiras bravas e negras. As abelhas pousam-lhes como em qualquer outra flor, como se fossem daltónicas ou insensíveis à raridade da cor.
O toque das pétalas é macio e ao tocar-se-lhes fica-se para sempre impressionado. Mas mais espanto tem o aroma: a coisa nenhuma sentida e a tudo o que se sabe. Mais do que rosa, muito além da cristandade.
Talvez as abelhas saibam que seja apenas uma flor. Apenas uma flor. E por isso lhe pousem distraídas e indiferentes à cor. Rosa negra.

Sem comentários: