Onde estou se o sítio onde estou não tem lugar para mim? Espero que seja o Inferno, para um dia ir-me embora sem remorsos.
Na verdade não se tem muita bagagem. Nas horas difíceis só se tem a vida, as memórias e as esperanças para carregar. Na verdade, poucas coisas importam além dos afectos... os bons e os maus.
Temos tudo em nós, até prados e florestas. No desalento bastamo-nos se pudermos e soubermos. Na alergria tudo é fácil e abundante.
A mesa posta, o vinho a correr a rodos, tudo farto e a fome danada que se vai embora porque se sonha até se adormecer. Por que não? Até ao dia do suspiro fulminante ou suavizante. Ponto de intermitência. Espaço de interrupção, mas talvez de persistente canseira. Espaço de interrupção, mas talvez de devida saúde e alfabetização, de desejado desanso.
Haverá um dia de ternos sorrisos e de imensa sabedoria. Haverá um dia de saúde. Haverá vidas do espírito e não do corpo. Desmedida felicidade de conhecimento e amor.
3 comentários:
Saramago em "As Intermitências da morte" retrata, como mestre literário que é, exactamente esse momento de uma forma soberba.
Assim como tu o fizeste aqui...Ainda um dia te hei-de ver a receber um nobel, meu amigo, á que ter esperança :)
Felizmente ele escreve melhor que o Saramago, não é tão chato, mas só às vezes.
"Chato" Saramago???
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