digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, março 08, 2007

Um Inverno por vir

Ainda não caí do Inverno. Ainda sobrevoo o bosque no termo de Solingen e anseio sentir com as mãos a temperatura da lavra.
Ainda estou sentado no jardim a escutar os pássaros e a ver o gato a caçá-los. Há verdes por toda a parte, felizmente diferentes.
Ainda há algumas pessoas nas ruas de chão de cimento. Os autocarros passam a horas certas e as paragens têm os vidros civilizadamente decoradas para que as aves neles não embatam.
Ainda há pouco subi a estrada que vem do centro de Wuppertal. Ainda trago nos ouvidos o ronco ordeiro do schwebebahn. Ainda não caí do Inverno sobre a floresta da periferia de Solingen. Ainda sobrevoo o burgo antigo e a velha ponte em ferro.
Ainda cai uma chuva que não me molha. Tenho vontade de sentir a textura da terra nas mãos e de cumprimentar em alemão o velho lavrador que há pouco me dirigiu a palavra. Tenho vontade de fumar às escondidas e de escrever cartas de amor. Ainda não caí do Inverno.

1 comentário:

Anónimo disse...

O texto é lindo, mas estava à espera (se calhar não era a única) de um bonito texto a elogiar as MULHERES...Ok já sei não aceitas encomendas. :)