Sentas-te frente a mim na sala despovoada e ficamos largas horas a jogar paciências sem batotas. Às vezes xadrês. Às vezes damas. Às vezes gamão. Quase sempre cartas. Ao cair da tarde tomas um gin fizz e eu um gin tónico, os criados já sabem a hora. Depois sobes para o teu quarto e eu para o meu para descermos uma hora depois já vestidos para o jantar. Às sete em ponto comemos no silêncio absurdo das casas grandes.
Às sete em ponto comemos no silêncio absurdo das casas grandes. Tomamos um tinto antigo, por vezes um branco da Borgonha sob o olhar severo dos olhares dos antepassados já finados e pelos nossos reflexos nas pratas. Bate o pêndulo do relógio e batem ainda os nossos corações. Como és bela e reluzes nesta sala de fantasmas.
Fora destas salas amplas feitas fechadas pelo peso do escuro e do tempo definhas na luz e julgam-te grotesca. Para mim continuas linda como na juventude. Por que só há-de ser bela a Primavera? Como és bela, mulher!
1 comentário:
Como é belo o que escreves!
um beijo e bom fim de semana.
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