digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, março 07, 2007

As mãos do meu amor

O meu amor fala com as mãos. Não são gestos de gesticular. Não são gestos de auxílio da voz. São movimentos de encantador de serpentes. As palavras saem-lhe da boca como melodias, mas as mãos fiam finos fios de nuvem invisíveis a que os meus olhos se prendem. Se desviar a atenção da dança que faz com os dedos é porque me deixei caçar pela água profunda das duas lagoas que tem nas vistas. As mãos do meu amor bordam o ar e desfiam palavras no vazio. Não há como lhes fugir. No êxtase, julgo mesmo que tem três.

2 comentários:

as velas ardem ate ao fim disse...

Não sei porque mas a primeira coisa que olho em alguém são as mãos...não sei porque mas acho que retratam a alma...é tão bom falar com as mãos.

bjos

Ana Fonseca disse...

Deixei passar este texto, não sei porquê... e hoje fui encontrá-lo e acheio-o tão bonito, delicioso! Adorei! Um dos mais bonitos que já li... Tão doce, tão suave! Amei!
Obrigada pelo momento que me ofereceste! Beijocas