digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, fevereiro 11, 2007

Viva voz

Pelo direito à vida.

Voto NÃO.



A poesia da vida é superior à vontade de cada um. Não sou mais do que eu próprio. Vou além de mim e prolongo-me além da vida. Prolongo-me além desta vida. O meu corpo entra noutro corpo e funde-se nele criando outro corpo. Desde o dia em que eu e ela nos juntámos que somos três. A minha vontade e a vontade dela não são as únicas vontades. Há uma outra vontade. Uma voz que ninguém ouve, ainda.
Tudo o que quero posso. Posso? Não! Não posso! Não devo. Devo ter o limite. O limite do aceitável, do bom senso, da minha fronteira. Onde termino, termina a minha vontade. Onde acaba o meu corpo não mando. Nem só o que está em mim é meu ou sou eu. Não sou dono da vida. Só sei viver. Só a sei emprestar. Não posso matar. Não devo.
O direito à vida é absoluto. Existe sempre. Quando há deficiência. Quando a mãe foi violada. Quando a gravidez não foi desejada. Quando se é rico. Quando se é pobre. Ainda assim, a lei permite excepções ao direito à vida. Ainda que ninguém oiça quem não se possa exprimir nem defender. Agora quer-se atentar contra a vida por pura vontade, por clara arbitrariedade, por simples querer. Agora é até às dez semanas, um dia serão mais dias. Lá fora já há quem peça até aos seis meses.
Até onde irá o limite? Um dia será com os velhos? O que se fará aos idosos quando estes só derem trabalho, se mostrarem improdutivos, vegetarem translúdidos, falarem enlouquecidos, insustentados nos actos, acções e palavras, e inconsistentes nas carnes? Matam-se os ansiãos? Por que não? Se agora se adopta uma lógica de morte!... e ainda se evoca o nome da civilização. Doi-me a alma pela frieza egoísta desta sociedade.
Não peço a prisão para quem aborta. Não, não peço. Porque sei o drama de quem aborta. Não seria justo dizer-me indiferente a todas essas dores. Mas quero um país que valorize a vida e não que promova a morte.

Nota: Até 11 de Fevereiro, data em que vai ser referendado o direito de matar, este texto e esta imagem vão estar a encabeçar este blogue. Este espaço vai manter-se aberto a todas as opiniões, incluindo as divergentes à do autor e promotor do Infotocopiável, porque este espaço é de inteira liberdade. Só serão excluídos contributos considerados insultuosos ou caluniosos.

Escrito a 19 de Dezembro de 2006

7 comentários:

Anónimo disse...

PELO DIREITO À VIDA, com dignidade.
VOTO SIM!
O voto no SIM, não é ao aborto, mas à sua legalização, nenhuma mulher, fica insensivel à dificil decisão de fazer um aborto. A legalização, apenas vai fazer com essa decisão dificil, não se torne ainda mais dura...Que fique esclarecido, que nunca o fiz, mas estive perto de quem o tenha feito e sei bem o que sofreu...Há muita gente lírica que vive num sonho, muito longe da actual realidade...

João Barbosa disse...

o que tem a dignidade a ver com isto? a vida que se tira. ninguém pergunta aquele se quer ser abortado. o direito à vida é superior às comechõezinhas dos egoismozinhos da vida quotidiana. que se quer agora é liberalizar o aborto. torná-lo válido como forma contraceptiva. nada mais.

Anónimo disse...

"Não peço a prisão para quem aborta. Não, não peço. Porque sei o drama de quem aborta."
Então vota SIM, para que as mulheres que abortam, não irem para a prisão...porque pelo facto de ser crime (ainda não está legalizado), a prisão é um mal menor, há imensos riscos de saúde física e mental, que estão associados, percebes?

Anónimo disse...

Alguém pergunta a alguma criança se quer ter uns pais que o maltratam? Mil vezes o aborto!!! Comechõezinhas? Tu não sabes o que dizes, conheces quem tenha passado por isso ou é só de veres na TV?
Desisto aqui, da discussão :(

as velas ardem ate ao fim disse...

E eu discordo mas RESPEITO!

Feliz Natal.bjinhos

Anónimo disse...

Eu voto SIM. E abstenho-me de qualquer outro comentário pois a polémica já vai ser muita.

João Barbosa disse...

Gi, o que tem a ver os pais que mal tratam com o sim ou com o não? que argumento mais disparatado!