Tenho a vida toda na rua. A minha vida não é a rua. Não me faço de tijolos e alcatrão e vidro. A tinta das paredes serve-me de papel e de assinatura e de pastel. Sou da cidade. Pertenço à cidade como os bancos, semáforos, mercados, autocarros, gares ferroviárias, metropolitano, engarrafamentos, acidentes, rádios, anonimato, polícias, plantas de localização, jornais, sida, táxis, antenas, portos, telhados, discussões e jardins. Só há jardins nas cidades, porque no campo há o campo.
Porque sou da cidade só posso viver na cidade? Como a mulher fidelíssima! Como sou da cidade, que amo devotamente, posso viver até no campo. Posso amar a cidade, amando-a à distância breve e próxima. Não muito longe nem muito distante, por causa do sofrimento. É na cidade que danço e amo. Tenho a vida toda na rua. A minha vida não é a rua. E também não sou a cidade.
Porque sou da cidade só posso viver na cidade? Como a mulher fidelíssima! Como sou da cidade, que amo devotamente, posso viver até no campo. Posso amar a cidade, amando-a à distância breve e próxima. Não muito longe nem muito distante, por causa do sofrimento. É na cidade que danço e amo. Tenho a vida toda na rua. A minha vida não é a rua. E também não sou a cidade.
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