Não me me escutaste os olhos rasos de água. Não me me viste tristes, os olhos alegres. Fugiste cobardemente da minha dor, como sentisses mais sofrimento do que eu e o teu coração sangrasse mais do que o meu.
Não importa se estavas saciada quando saiste a meio da noite. Não importa, porque já não te lembravas de quando estiveste faminta. Esqueceste o alento, a comida e a água. A gratidão só importa enquanto existe memória.
A gratidão e a memória são loucuras passageiras. Assim são ainda a compaixão e o amor. Não me escutaste os olhos rasos de água nem os pensamentos desalinhados. Não viste o corpo encaracolado em silêncio. Não consolaste o corpo nu aos gritos. Não viste tristes, os olhos alegres.
Nas horas difíceis da solidão há ausências mesmo na multidão. Fica quem está e se dá de presente. Fica a gratidão de quem fica. A memória de quem está. A água de quem a dá de beber. Não me viste tristes, os olhos alegres.
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