digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Aguarela perdida

No lago Lucerna perdi-me de amores enquanto mergulhavas com flores a enfeitarem-te o penteado. Saías da água desalinhada e precisada de novos adornos e elogios. Eu aquecia-te a pele fria com uma toalha de algodão macia e ternos beijos. Não havia fraternidade naqueles momentos, mas uma intimidade que culminava sempre connosco enlouquecidos e suados com os desejos, invisíveis a todos os olhos.
No lago Lucerna fizemos amor nos botes, invisíveis a todos os olhos e todo o frio. As flores das margens enfeitaram-te o cabelo ondulados a imitar os corpos, o teu e o do espelho de água. O nosso amor durou uma temporada: cada um foi ao seu destino, esquecido de escrever postais de recordação do amor passageiro.

Nota: A Galeria Tate, de Londres, lançou um movimento para comprar a aquarela The Blue Rigi, de William Turner, e evitar que saia do Reino Unido. É interessante constatar dois aspectos: o apego que os britânicos e as suas instituições têm ao seu património cultural; e a diferente postura que têm face ao património cultural de outros povos, que mantém em seu poder, saqueado no tempo do poder colonial e hoje solicitado pelos Estados ao abrigo do seu direito ao passado, à história e à cultura.

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