digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

O alto

Há neblina no cume das montanhas, mas nem mesmo as aves, em voo planado, têm a visão de Deus.
Há sempre uma esperança no cimo de qualquer montanha. Por isso se fixam olhos nele. Do alto escorrem rios e ribeiras. No topo julga-se estar mais perto do céu. Há sempre uma esperança indefinível ao alcance do gesto.
Se olhar para cima pouco me importa. A vertigem só acontece ao olhar para baixo. Nunca ninguém invejou os lagartos, só se sonha com asas.
Se pudesse entregava-me em vida e largava-me, deixava-me ir, inteiro e todo para o alto. Seguia para o topo por um elevador invisível. A gravidade não deixa que faça a minha oferenda.

5 comentários:

Anónimo disse...

(?!)tu voas...
nada te prende... nada que eu note!
estarei com problemas de visão?!


gosto das asas que vejo traçar linhas soltas no espaço... gosto e... nego a verdade dos factos científicos!
Não há gravidade a não ser aquela grave-idade que prende os que não sabem que o sonho é que comanda a vida, não é?!

desejo-te um grande céu para continuares a voar, a estender as asas e as palavras!
tem um ano novo muito feliz!

João Barbosa disse...

Sa.ra: obrigado pela tuas bonitas e doces palavras :-)

Anónimo disse...

"Nunca ninguém invejou os lagartos, só se sonha com asas."
Pois nunca ninguém deseja ser um ser que rasteja e os que sofrem com as vertigens nunca puderão invejar uma cegonha no alto de um campanário...
Curioso e como tu voas alado nas palavras que escreves e que nos fazem a todos sonhar um bocadinho mais alto...para o ano continua o.k?

Anónimo disse...

Que as asas te ajudem a voar mais além e mais alto, como os poetas que sofrem por amor e se alimentam da ilusão.
Desejo-te um excelente ano e que continues com a vertigem da escrita neste espaço, tão negro de profundidade e sentimento.
Liberta-te e o teu corpo não mais sentira o peso da gravidade terrena.
Bom ano!

João Barbosa disse...

Calvin: que bom voltar a ver-te por aqui. obrigado pelas tuas palavras. Bom ano!