digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, dezembro 19, 2006

As horas








As horas diferentes. Temos as vidas em opostos e ninguém cai do seu hemisfério. Não vivo sem a minha luz. Onde guardas a penumbra? Para onde corres com a sombra? Não te fazes diferente de mim. Acendo com medo da outra vida, torpor de morte.
A noite é uma antevisão do sono. O sono uma premonição da morte. Medo do escuro. Deus está no alto. As estrelas alcançam-se com as mãos, mas não o céu. De noite, no céu temos um firmamento na Terra feito do medo.
Dá-me luz. Quero ver. Queres ver-me. Sinto frio se não vir. Tenho medo de adormecer. Tenho medo de estar. O céu é tão grande e tão perturbador sem a luz cá de baixo. Contra-luz. Nega-se Deus com uma lanterna. Fica invisível o céu. Só na luz se existe. Na escuridão morre-se e na morte não há nada.
Não há morte. A morte não existe. Mas na luz teme-se a escuridão. Na luz julga-se a morte como escuridão e vazio. Uma incerteza inquietante. Dá-me luz e viverei. Vive-se sempre... até na morte.
As horas diferentes da vida. O medo do escuro. Dá-me luz, quero viver. Quero negar Deus não vendo a imensidão da sua obra. Lá de cima vê-se o nosso céu, espelho do nosso medo. Dá-me luz.

3 comentários:

Anónimo disse...

Adorei foi mesmo as imagens.. Google Earth? ou da Nasa?

João Barbosa disse...

são da nasa

Anónimo disse...

Ai, João querido, escreves tão bem... És inspirador! Deste-me luz.