digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Hora zero

Não quero saber o que andámos a fazer durante o dia. Já é noite e nesta casa ninguém consegue dormir. Todos temos alguma coisa a esconder. Juro desconhecer toda a verdade. Não sabia de ti até te ver e falar-te, e da tua vida nunca fui além daquele recanto antes que me mostrasses as intimidades. Por mim, não imaginavas toda a realidade. Sabemos que sabiamos muita coisa. Sabemos o quanto queremos esquecer e ocultar. O silêncio é a nossa cruz, a factura da cumplicidade ou da cobardia. Contudo não sabiamos tudo e nunca quisemos saber. Agora somos arrependidos do que não fizemos e prisioneiros do que dizemos não saber. É o momento zero do dia e nesta casa não se dorme. Já não sei quem és ou o que fizeste. Por favor não me olhes para as mãos, não sabia o que fazia, não sabia de tudo, vi-me obrigado a muita coisa, só te quis fazer feliz, tive de fazer pela vida, não fiz nada, tenho de passar por isto, não sei de ti nem do vizinho. Por favor, não faças perguntas. Não estou bem aqui, vou para lá, para aquele quarto onde estou outros, e espero compreensão e olhares disfarçados. Não faço perguntas.

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