digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.
quinta-feira, novembro 02, 2006
A culpa
Não sei o dia da minha morte nem onde está a minha campa. Hoje reconheço o crime. Não sei se posso chorar. Não sei se tenho o direito de chorar. Quando me vejo tão novo - porque era pouco mais do que uma criança, era um homem - não me reconheço nem percebo como fui capaz de fazer aquilo que tenho vergonha de confessar. Tanta vergonha que é quase um orgulho rejeitar o passado sinistro. Não posso ser eu a mesma pessoa. A culpa perfura-me como uma broca fina, como uma broca grossa, como uma broca quente, como uma doença amarela, como um vómito muito verde. Não sei se mereço poder chorar. Não sei onde tenho campa, ainda bem que não sei dela, porque assim estou a salvo caso tenha uma recaída. Como posso dizer se estou curado se um dia estive doente com um mal tão grande? Tenho medo de mim. Tenho medo dos meus irmãos. Tenho medo da forma como me olhas. Tenho culpa e remorsos. Felizmente não sei quem fui.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
voce é muito bom mesmo! parabens!
Enviar um comentário