digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Uma casa sem janelas

Ter a casa toda na rua para que o ruído acompanhe em todos os momentos, por vezes até discuta. As estrelas abraçam na noite e a chuva é um cobertor. Na rua, que importância tem a nudez? O Sol é a luz mais sã e o acordar natural de quem diz que a vida é para se viver como manda a natureza, respirando o seu ritmo.
Tenho as gavetas fechadas apenas por estética, porque podem ficar abertas. Não escondo nada. Nem mesmo a pele. O tapete limita-me o espaço e faz fronteira também aos outros, mas não às coisas naturais, porque essas não conhecem as linhas dos homens.
Sento-me a ler como se estivesse em casa. Estou em casa, só que estou na rua. Falo alto, falo como quero, como se fala em casa, como se fala na rua. Não é grande nem pequena, a minha casa feita sem tecto nem paredes. Não lamento não poder dizer que a minha casa tem vista para ali ou para acoli, porque, como é na rua, ela está onde estou e ponho-a onde quero no tempo que me apetece. A minha casa não tem lado de fora nem lado de dentro, é um disco, é plana. Só tenho pena de não ter o parapeito duma janela para me debruçar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tenho pena que não tenhas o parapeito que desejas mas ainda assim és um afurtunado por poderes transportar a tua casa e o teu espaço para onde tu estejas.
Fica bem senhor sortudo, boas estada em casa, é a tua terra dos sonhos?