digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Um país bipolar

Portugal vive entre a euforia e a tristeza profunda, é um país bipolar. Não sei por que tem de ser assim, mas faz parte, está em todos. Portugal é uma maré de portugueses e a onda vai e vem, ergue-se arrogante e estatela-se no areal. Não há calma nem sossego.
Este país maníaco-depressivo tanto dança frenético um vira ou uma chula como se comove nos fados ou no cante. Deve ser porque durante gerações comemos côdegas com água, dividimos uma sardinha por família numerosa e festejámos fartos em carnes e tudo o mais que vinha da horta.
Tudo o que fazemos é o melhor do mundo... pelo menos para nós... pelo menos até ser comparado com o tudo mais feito lá fora. Depois vai-se o amor próprio e a firmeza, e entra tudo sem filtro: abandalhamos tudo, esquecemo-nos de quem somos e aldrabamos o passado e a memória.
A nossa memória está cheia de mentiras. O nosso vinho não é o melhor do mundo e o azeite também não. Nem sequer a nossa gastronomia... não é mais rica e variada do que outras, nem tampouco muito original. Entre a ilusão eufórica e a desilusão taciturna há espaço para um país... e cabemos lá todos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Espectacular! Portugal no seu melhor...