Acendi um charuto. Estava já depois da batalha nobre da refeição, no repouso que se exige quando a luta é justa, leal e denodada. Passara-se o tempo à mesa combatendo uma carne saborosa e batatas que, com nenhuma dúvida vieram da terra. O campo da batalha foi o linho branco, duma alvura exemplar e o sangue derramado vinho tinto. No final da peleja bebeu-se à memória dos caídos com o mais nobre dos vinhos: Porto Vintage. Para que as palavras se elevassem nos discursos acenderam-se charutos, como defumadores de igreja, porque o seu fumo casa eleva os dizeres às almas dos idos e o seu sabor casa com o dos retintos de feitoria. A mim vieram, então, memórias agradáveis e afirmações sábias.
Um charuto não é um cigarro nem um Vintage é um vinho qualquer. Fiquei a desejar aquele momento. Fico muitas vezes a lembrá-lo, no prazer e na meditação. Repito-o quando posso, quando me deixam, quando vale a pena. Só quando a batalha justifica. Não há refeição digna sem uma grande amizade ao lado, e até a mais simples pode ser um monumento. Em tudo têm de estar afectos. Só na grandeza acendo um charuto.
3 comentários:
Concordo com a refeição acompanhada de uma amizade, tambem cultivo esse hábito, agora mais que nunca! Regada com muitos afectos ;)
aqui deixo o meu sorriso de amizade neste dia tão cinzento :)
bom dias para as duas lindezas e obrigado pela visita :-)
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